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sábado, 24 de março de 2012

Jaraguá, a Capital Goiana do Contrafeito

Grifes famosas que são falsificadas – Pirataria na moda – Cidade brasileira se especializou em falsificar roupas

Operação em 2010 não desarticulou as quadrilhas

Em janeiro/2010 a Receita Federal e a Polícia Civil de Goiás já tinham deflagrado a Operação Piratas S.A. na cidade de Jaraguá, no interior de goiano, com o objetivo de desarticular grupos que falsificam marcas de confecções nacionais e estrangeiras. A operação envolveu cerca de 70 policiais civis e 30 servidores da Receita Federal do Brasil. Na época a Receita já informava que a cidade, a cerca de 250 quilômetros de Brasília, era um dos maiores pólos brasileiros de pirataria e distribuição de confecções no Brasil.

Promotora de Justiça continuou a batalha

No interior de Goiás, uma promotora de justiça está travando uma batalha contra donos de confecções, contadores e funcionários públicos.
Ela acusa fabricantes de roupas de falsificar grifes famosas, vendidas depois para todo o país.
A promotora Juliana França passou a sofrer ameaças depois que começou a investigar, há um ano, um esquema de falsificação de roupas na cidade de Jaraguá, que fica a 120 quilômetros de Goiânia.
“O pneu do meu carro foi rasgado com canivete. A minha cachorra foi envenenada, jogaram uma cobra na minha casa”.
No fórum recém-construído, o depósito com os produtos apreendidos já está lotado de matéria-prima e roupas falsificadas de marcas conhecidas, nacionais e internacionais. Entre elas 100 mil peças apreendidas em janeiro do ano passado, que estavam em 30 depósitos espalhados pela cidade.
Um deles escondia atrás da fachada de uma casa, a poucos metros do fórum. Em uma operação, a máquina de costura foi apreendida justo na hora em que as camisas eram bordadas com a marca de uma grife famosa.
Segundo os investigadores, a máquina e as roupas que estavam sendo bordadas pertencem a Cláudio Crisóstemo, que é dono de uma confecção na cidade. Ele nega produzir roupas falsas.
“O povo está fazendo tempestade em copo d´água, coisa que não existe, ou, às vezes, um e outro está difamando a cidade inteira”, afirma Cláudio.
Em outra confecção, também investigada por falsificação, o dono não permitiu a entrada da equipe do Jornal da Globo. João Alberto Ribeiro, que responde ao processo em liberdade, também alega inocência.
Segundo o Ministério Público, a indústria de falsificação em Jaraguá chega a produzir um milhão e meio de peças por mês. 80% dos 800 fabricantes de roupa da cidade estariam envolvidos com a pirataria.
Na lista dos investigados estão 41 pessoas: são donos e gerentes de confecções, fornecedores de peças, fiscais da Receita, contadores e até policiais estariam agindo como informantes, fornecendo dados sobre operações de combate à pirataria ou ajudando a esconder a produção ilegal.
Apesar dos fortes indícios, na cadeia de Jaraguá não existe nenhum preso condenado por algum tipo de envolvimento com a falsificação de roupas.
O Ministério Público e a polícia civil ainda estão investigando esse comércio ilegal para concluir o que já está sendo chamado de o maior inquérito aberto até hoje na cidade sobre o assunto.
No inquérito foram incluídas conversas telefônicas gravadas com autorização da Justiça.

Comprador: “eu trabalho aqui na região do Tocantins”;
Falsificador: “certo”;
Comprador: “ele disse que você fornece, que você faz uma calça boa, né?”;
Falsificador: “ahã!”;
Comprador: “é marca própria ou é só falsificada, Mário?”;
Falsificador: “uai, tenho as duas”.
Mesmo depois de flagradas, produzindo roupas piratas, as confecções voltam a funcionar. Sinal de que só a fiscalização já não intimida mais.
Compradora: “e aí, pegaram roupa sua?”;
Falsificadora: “pegou, uai!”;
Compradora: “mesmo?”;
Falsificadora: “pegou foi de todo mundo aqui!”;
Compradora: “nossa!”;
Falsificadora: “então, agora na semana que vem a gente começa, está começando de novo, semana que vem já tem de novo, né”.

“Isso é vergonhoso para a cidade e para os cidadãos de bem que estão de certa forma presos nessa cadeia de falsificação mais que tem a possibilidade de passar para a legalidade e conviver de uma forma tranquila, pacífica, sem medo de mais cedo ou mais tarde baterem na sua porta e fazer uma apreensão de mercadorias ilícitas em sua casa”.

Fonte G1

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