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quarta-feira, 4 de abril de 2012

Vinhos franceses, made in China

Não se espante se você encontrar um rótulo em mandarim em uma garrafa de vinho francês. Os investimentos chineses na Europa foram multiplicados por sete desde o início da crise financeira mundial, em 2008, saltando de US$ 876 milhões para US$ 6,8 bilhões no ano passado, segundo a Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento. Os chineses já adquiriram ou compraram participação, por exemplo, em vinhedos na França, em companhias de energia em Portugal, em fábricas de máquinas na Alemanha e em montadoras de veículos na Suécia. Eles estão comprando tudo.

O dragão vai às compras

As primeiras compras de terras e châteaux na França pelos chineses começaram em 2008, com o Château Latour Laguens. Em março de 2011, foi a vez dos mais prestigiados Cru Bourgeois, nas propriedades de Château Ducos Laulan, no Médoc.
Hoje já existem mais de doze châteaux bordaleses nas mãos dos chineses, e vários outros em negociações. E a venda dos vinhos – outrora distribuídos para 40 países – passou a ser totalmente focada na China. Até mesmo os rótulos e embalagens passaram por uma adequação para atender o mercado chinês em ascensão.
Como aconteceu em outros mercados, uma estrela de cinema, jovem, consagrada, rica e muito popular na China, Zhao Wei, comprou uma propriedade em St. Emilion. Notícias revelam que a atriz pretende manter a equipe atual no processo de vinificação do Château e que vai investir na modernização da propriedade.
É verdade que existem produtores franceses em grandes apuros financeiros, e que o “Dragão Chinês”, surge como a grande “tábua de salvação” em meio à grande crise instalada na Europa e nos países vizinhos. Notadamente, bens de luxo vêm sendo avidamente procurados pelos abastados chineses, com seus novos hábitos de consumo e sedentos por novidades. Vislumbra-se um novo “status social” e o vinho é um bem facilmente adquirido e que está no alto da cadeia dos produtos de luxo.
Que fique claro que não há neste texto preconceito algum em relação ao povo chinês, sua vasta cultura, seu país e suas tradições. Trata-se de uma pausa para analisar o significado de uma expansão de mercado e do alto “poder de fogo” da China para os negócios e investimentos.
As perguntas que não querem calar são: “ O vinho francês será o mesmo com novos donos?” “Até que ponto as tradições regionais e familiares, serão mantidas?”
Veremos vinhos franceses by China, numa nova concepção em vendas e distribuição?
Perguntas que só o tempo e os especialistas em vinhos poderão responder.
Mas lembre-se, 2012 é o ano do Dragão e este pode ser apenas o começo de uma nova concepção mundial para o vinho francês…

vinhodosanjos.wordpress.com

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