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terça-feira, 22 de maio de 2012

Mercado ilegal de óculos já responde por 50% do setor

Silvio Cornaviera, diretor comercial da Suntech, estima aumento no faturamento, mas prevê redução de margem por causa da concorrência neste ano


A indústria brasileira de óculos vive uma situação dúbia em 2012. Ao mesmo tempo em que comemora a possibilidade de ultrapassar o patamar de R$ 20 bilhões de faturamento ou um crescimento estimado em 25% diante dos R$ 19 bilhões em 2011, lamenta que os produtos ilegais (falsificações e contrabando, por exemplo) estão aumentando o seu peso dentro do mercado total para 50%. Há dois anos, essa participação era de 40%.
A estimativa é do presidente da Associação Brasileira da Indústria Óptica (Abióptica), Bento Alcoforado. De acordo com ele, a pirataria avança no país porque muitos produtos ilegais estão sendo comercializados dentro de lojas do varejo formal, geralmente de pequeno porte. Em 2011, o mercado brasileiro contava com 33,5 mil ópticas. Em 2012, a projeção alcança quase 35 mil estabelecimentos.
"O mercado de informalidade está com os dias contados. Acredito que, em três anos, o nível de produtos ilegais vai reduzir muito. A Receita Federal tem aumentado os mecanismos de controle, como a nota fiscal eletrônica", afirma Alcoforado.
O presidente da Abióptica conta que, pela primeira vez na história do setor, fabricantes e varejistas estão se unindo para reduzir a oferta de produtos ilegais. A ideia é criar normas e diretrizes para coibir a comercialização de produtos piratas.
De 2006 a 2011, o número acumulado de produtos ilegais retirados do mercado foi de 55,7 milhões, um crescimento de 52% ante 2010. Só em 2011 foram apreendidos 19 milhões de óculos ilegais, mais do que o dobro do volume de 2010, de 8,5 milhões. "Acredito que, em 2012, o número de produtos informais deve repetir 19 milhões ou até ir para 20 milhões", diz Alcoforado.
Ao mesmo tempo, o mercado brasileiro de óculos assiste a um movimento de consolidação, deflagrado no fim do ano passado. Foi quando a maior fabricante do mundo, a italiana Luxottica, comprou a Tecnol, de Campinas (SP), por € 110 milhões.
Fabricante das marcas Ray-Ban e Oakley, a Luxottica adquiriu, inicialmente, 80% da Tecnol. Os 20% restantes serão comprados ao longo de quatro anos. A negociação despertou o apetite de grandes grupos internacionais pelo Brasil.
A Suntech, fabricante de óculos da grife australiana HB e da marca própria Secret, registrou crescimento de 25% nas vendas de óculos, em volume, no ano passado, em relação ao ano anterior. Em faturamento, não divulgado, a empresa teve expansão de 7% na mesma base de comparação.
O diretor comercial da Suntech, Silvio Cornaviera, estima aumentos de 15% no faturamento e de 30% no volume de vendas, em 2012. "O crescimento da classe C é o grande responsável pelos nossos resultados", diz ele.
O executivo diz que está abrindo mão de margem, neste ano, porque a consolidação do setor aumentou a escala e reduziu preços médios. Segundo Cornaviera, no primeiro trimestre o preço médio de seus produtos foram reduzidos em 18%. Um óculos de sol HB é vendido por R$ 250. O de grau, ou receituário, no jargão do setor sai, em média, por R$ 370.
A fabricante francesa de lentes Essilor teve crescimento de 25% no seu faturamento no Brasil, não revelado, entre 2011 e 2010. Para 2012, a expansão deverá ficar acima de 25%, estima o diretor-geral da empresa no país, Bernardo de Araujo Ferrer. "As [vendas de] lentes crescem mais do que o resto do setor, como um todo. O crescimento tem sido sustentado pela evolução do consumo das classes C e B, que cada vez mais querem lentes com valor agregado", afirma o executivo.
Segundo ele, agregar uma tecnologia, como lentes que não embaçam, custam até R$ 400 a mais no preço final. Por ano, a Essilor fabrica 25 milhões de lentes, em Manaus, sendo 80% para o mercado doméstico e 20% para exportação. A empresa tem, ainda, um centro de tratamento de lentes no Rio de Janeiro. A Essilor teve faturamento de €4,2 bilhões, ano passado, com alta de 9,7%, ou 240 milhões de lentes comercializadas.
Autor(es): Por Alberto Komatsu
Valor Econômico - 21/05/2012

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