Por RUIVERLANO
Adentramos em campo como um time que se sente inferiorizado e se dá por satisfeito com o empate. No transcorrer da partida, tomamos um gol do nosso próprio zagueiro que não soube o que fazer com a bola, e só não perdemos de fato o jogo, porque o time é valente e mostrou que tem raça para dar a volta por cima. Ao final, empatamos, o que teve sabor de vitória!
A analogia futebolística bem serve para exemplificar a atuação apática de nosso sindicato nesta negociaçao com o governo. Foi esse o dissabor sentido por mim e por muitos em nossas bases pelo Brasil. E digo isto, por conta da má condução de nosso sindicato em relação às diretrizes adotadas. E sabe quais foram?! nenhuma!!! Mais uma vez ficamos à mercê de uma expectativa que começou bem antes, com as paralisações de faz de contas. As bases queriam mais uma vez tomar pé no processo em sua inteireza e quem sabe, poder ser mais atuantes, ir para o ataque, pra frente como todo bom atacante quando quer jogar, só nao foi possível, porque tivemos uma contenção técnica que jogou de zagueiro, do time adversário no caso, nao apostando em nossas capacidades de incomodar , de mobilizar , se preciso fosse; paramos na defensiva, nao chegamos nem mesmo ao meio de campo; ofensiva, nem pensar! O jogo da DEN era outro. A vertente era em outro sentido: paralisar um ou dois dias , faz de conta que rugimos, já estava bom, isto na miopia de nossos dirigentes. Quando no final, no apagar das luzes, já sem jeito , coube a nós, quase à revelia das reais intenções do comando, optar por qual caminho seguir, e lhes digo colegas: mesmo que mais temeroso e difícil tenha sido o caminho escolhido, optamos pelo certo, dissemos um NAO ao governo, e nao tenho dúvidas , com nada nos bolsos ou nas mãos para o próximo ano, fizemos a escolha adequada: saimos honrados como sempre fomos, acreditando que amanha há de ser outro dia, e que devemos começar a construi-lo melhor agora, não aceitando qualquer arremedo de proposta hoje!
As paralisaçoes no nosso caso, nao tiveram ações com reações , causa e efeito, nao passaram de cafés e bolinhos para deguste geral da platéia o que a nossa cupula sindical nos transformou: Platéia. A luta sindical nas nossas bases , virou sinônimo de efeito engordante paralisante, é o sindicalismo moderno balofo mais frouxo possível: para glutão ver e comer, ou como se faz pra acalmar a boiada: engorda-a. Eis de fato a nossa verdadeira paralisação, melhor, paralisia!!!
A verdadeira açao sindical, a que de fato acredito, incomoda muito mais e requer disposição, desgaste, luta e estratégia de comando, e que nao sei se é a ideal, mas tenho certeza apenas de que a nossa inércia coletiva e acovardada nao nos levará muito distante. Urge que repensemos este modelo em que a cúpula se encastela, e de tão distante nao assume a postura de liderança quando deve exercê-la. O silêncio da nossa cúpula incomoda a muita gente, tenho certeza! Posturas distantes da base já não cabem mais para uma categoria consciente como a nossa, tenho certeza que nao queremos um SINDIRECEITA assim!!!
A postura apática de nossa direçao sindical foi nao somente letárgica, bem como, desmobilizante, desmotivante, inerte, por que nao dizer. Ficamos tao "paralisados" que deu dó. Mal fomos notados , não fizemos nem cócegas perto dos gigantes, como se apresentaram outros sindicatos de atuação valente, como o sindicato dos agentes da PF, com sua coragem a toda prova, numa ousadia a ponto de pedirem a cabeça do DG (diretor geral). Imaginem se isso aqui seria plausível em proporções similares, diante da liderança que temos hoje em nosso sindicato. Não tivemos nenhum movimento relevante nas entrelinhas da nossa Aduana, paralisados ficamos, permanecemos até o final assim, nao por culpa nossa,bem sabemos.
Tomamos boladas de todos os lados, também devia: jogamos pouquíssimo, nem parecíamos os mesmos de outrora, atuantes e aguerridos nas lutas em que tanto nos destacamos. Nossa inércia foi pior ainda, demos vez aos outros dentro da nossa casa, a cada notícia televisionada sobre as ações da PF nas aduanas eu me perguntava: por que nao nos assomávamos ao movimento deles, uma vez que, o importante éramos virar notícia, estar na mídia, afinal, somos partícipes nas fiscalizaçoes nas aduanas e nossos pleitos são similares.
Mas o que aconteceu de fato é que parecia que nem estávamos ali: nas quatro linhas de cada recinto só dava PF e PRFs incomodando o povo, parecia que éramos meros expectadores das ações dos outros, coadjuvantes do processo de reivindicaçao de terceiros, e que acontecia bem na nossa casa, debaixo dos nossos tetos alfandegados ; e assim, no final, fomos tratados pelo governo como nos portamos, inferiores e desmobilizados, sabedores eles da pouca verve de nosso interlocutores e seu poder de pressão ou persuasão, sabiam o quanto nossa categoria estava dividida; ao contrário da "outra" que soube rechaçar uníssonos a mal fadada proposta, com direito a remake do governo , e novo rechaço. Ficamos tão para escanteio que audiência com o governo, no nosso caso, somente após transcorrida a prorrogação , quando todas as outras categorias já haviam desfilado em campo, no apagar das luzes, no nosso caso, sem direito a prorrogação ou contraproposta no final.
RUIVERLANO PEREIRA DE ALMEIDA
ANALISTA TRIBUTÁRIO
(IRF - CABEDELO - PB)
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