O Brasil mudou, não há dúvida. Mas ainda há gente que teima não
aceitar isso. Reportagem publicada na Folha de S.Paulo neste domingo
(19) dá conta de que o Brasil está alugando seu litoral, "um dos últimos
santuários onde a pesca do atum foi pouco explorada" numa política de
arrendamento típica de países pobres, incapazes de manter uma indústria
pesqueira própria. Ainda segundo a matéria, cerca de 90% da pesca de
atum, peixe em risco de extinção, é dominada no Brasil por barcos
japoneses arrendados por Gabriel Calzavara de Araújo, ex-secretário de
Pesca do Ministério da Agricultura. A lei que facilitou o arrendamento
de embarcações estrangeiras no litoral brasileiro foi aprovada durante a
gestão de Araújo (1998-2002), no governo FHC. O mesmo cara que abriu
uma breja para a atuação dos pesqueiros estrangeiros, é o maior
empresário do país no setor. Que tal?
"A política de arrendamento é
típica de países africanos, particularmente os do litoral atlântico",
diz o oceanógrafo Jorge Pablo Castelo, 71, professor aposentado da
Universidade Federal do Rio Grande (FURG). "Namíbia, Angola, golfo de
Guiné. Países pobres, necessitados de divisas, que vendem licença de
pesca a países que possam pagar. Não deveria ser o caso do Brasil, com
potencial para política pesqueira autônoma."
Eu acho que peixe é
alimento. Meu interesse na preservação dos estoques de atum é justamente
porque eu acredito num manejo sustentável dos recursos do planeta. Não é
o que estamos fazendo.
Detalhe: vale a pena assistir o vídeo até o
final. A conversa entre o observador brasileiro, responsável por
fiscalizar o barco de pesca japonês, e outro colega é uma lição de como
esse arrendamento é profissional e bem controlado.
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